
[CONTOS DE CONSULTÓRIO]
Diário da Pandemia - como tudo começou
Como a ansiedade se tornou uma pandemia de ganho de peso!
São Paulo 15 de março de 2020
FOZ DO IGUAÇU, 9:00H, DOMINGO
Enquanto descia as escadas ouço o saguão do hotel muito agitado.
Todos olhavam um casal escondendo sua filha pequenina enquanto gesticulava e repreendia com voz bastante alterada e um dedo apontado, para uma senhora idosa chinesa que, claramente, estava envergonhada e, tentava em vão se explicar, pois não falava português.
Era uma situação um tanto inusitada e confusa naquele momento (atente-se à data). Então, um amigo se colocou no meio da discussão e, em mandarim, pediu para que a senhora se afastasse. Enquanto ele falava, ela consentia e, com um bonito olhar e gesto de desculpas, se afastou.
O rapaz estava claramente nervoso. Mas o que tinha acontecido?
Sua filha durante o café da manhã tinha deixado seu ursinho na mesa e, a senhora o encontrou e, simplesmente foi entregar à menina, prolongando uma conversa gestual com ela.
Como não falavam o mesmo idioma, o contato foi mais aproximado... próximo demais para um pai que já entrava no círculo do estresse com notícias chinesas.
Sim, aquele pai estava muito alterado. Com medo do desconhecido, da ameaça potencial. A ansiedade latente nele, tornara-se um medo real de que aquela senhora passasse o novo vírus, até então pouco conhecido, para sua filha.
Claro que sua reação foi exagerada, mas o que sucedia ali, seria somente o início do que se seguiria pelos próximos dias.
No trajeto do meu retorno fui refletindo e tentando entender melhor aquela reação desproporcional, era possível entender o impulso de defesa daquele pai, e alguns alertas de desequilíbros nos elementos me despertaram o interesse em ir além.
Ainda no aeroporto, as notícias na tv só confirmavam a gravidade dos casos de Wuhan e começavam a falar pela primeira vez em casos externos à China.
Confesso que naquela data eu estava bem pouco informada sobre o assunto, mas conversando com este amigo que tinha estado no país há não muito tempo, alguns pontos foram sendo clareados.
Naquele mesmo aeroporto, pequeno e lotado, tive um breve acesso de espirros. E na sequência de gargalhada, pois tive que exercer meu direito de espirrar de forma quase clandestina, escondida em uma jaqueta para não espalhar pânico.
Os olhares eram de reprovação, também uma reação exagerada que posteriormente viria a ser muito praticada. Mas, até o momento, ainda não usávamos máscaras.
SÃO PAULO, 16 DE MARÇO, 10H – SEGUNDA FEIRA
Não tenho dia definido para ir ao mercado, mas como havia chegado de viagem, resolvi ir logo cedo para me abastecer. O que eu vi, parecia cena de filme.
Sinceramente eu já não sabia se eu tinha estado em um universo paralelo e sem informações suficientes para sobreviver, ou se eram aquelas pessoas que já tinham entrado num estado de descontrole desmedido.
O supermercado estava praticamente vazio. Seções de alimentos industrializados (que tem longa data de validade) estavam vazias, as prateleiras dos produtos de limpeza pareciam ter saído de um terremoto. Papel higiênico? Nem vestígio.
Eu ainda olhava incrédula, onde às pessoas estavam ou onde eu tinha estado?
Passei rapidamente na seção de hortifruti ainda ironicamente abastecida, e me dirigi ao caixa. Estava tentando passar longe daquela loucura.
Filas imensas e, se eu não tivesse tirado foto, diriam que estava mentindo, mas uma mulher na fila carregava nada menos que 30L de óleo e, tenho quase certeza, todo o estoque da Nissin (miojo), em seu carrinho.
Era algo descomunal. Sem propósito. Sem explicação. Nada que racionalmente tentemos, explicaria aquele carrinho.
Eu fiquei olhando meio incrédula e comecei a conjecturar se ela não era proprietária de uma entidade que ajuda pessoas e que aquilo era o corriqueiro para ela...eu, realmente tentei achar uma explicação tipo “psicanalisando aquela pessoa”rsrsrs.
O senhor na fila ao lado, rindo, disse em voz alta: “Se todo mundo vai morrer, não adianta comprar o supermercado, vai ficar tudo guardado no armário.”
Não tinha como não rir... mas de verdade, o que acontecia ali era a emersão do iceberg em que vivemos, ele havia subido (emergido) um pouco e deixado a ansiedade dos seres transparecer em seu mais puro e alto grau.
Os elementos energéticos das pessoas pareciam girar o pentagrama num ciclo sem pausa, o desespero e o medo tirariam a racionalidade de muita gente, a ira, agressividade, depressão, embotamento, ganho de peso, perda da saúde geral tiraram a calma de todos nos dias que se seguiriam.
Incrédula eu estava e incrédula permaneci.
São Paulo entrava naquela semana na primeira semana de quarentena, 1 semana antes da data oficial. Todo mundo já sabia e entrava numa espécie de histeria e eu estava ali, equilibrada e me posicionando do lado de fora daquilo tudo e como boa psicanalista, me auto analisava, refletindo e tentando trazer os conteúdos vividos à consciência
Tínhamos entrado num ciclo nebuloso de algum filme que parecia que eu tinha esquecido de ler a sinopse e, tudo isso, em um único fim de semana.
Começavam agora, a transmitir o caos na Itália e a sensação de angústia mundial, começava a emergir.
Os dias se seguiram, a quarentena era oficial, notícias catastróficas eram só o que tínhamos nos meios de comunicação e eu, que normalmente não assisto tv, seguia tentando me informar sem deixar me atingir pela irracionalidade.
Eu pensei: já moro sozinha e trabalho boa parte do tempo em home office então, nada mudaria, ledo engano.
Com o passar dos dias, ia vendo notícias, postagens e exageros.
Pessoas se entupindo de comida, pessoas nervosas, estressadas, angustiadas, ansiosas.
Pessoas passando a ser sedentárias ou aprimorando este estado de ser.
Pessoas que se cuidavam não respondendo às nossas conversas de acompanhamento. Pessoas adiando seus cuidados.
O que aconteceu no mundo foi uma pandemia biológica e emocional.
Ânimos acirrados, disputas e brigas, compulsão e mais compulsão. Escolhas inadequadas, pijamas ganhando destaque e gente perdendo roupas. Tudo isso aconteceu porque?
Aqui entramos no ciclo emocional:
Vamos tentar entender o ciclo vicioso que acometeu boa parte das pessoas.
O isolamento e distanciamento social, trouxe ao mundo uma cara nova, um vazio de ruas tomou conta dos pensamentos. O medo e angústia econômico social de muitos, deu voz à ansiedade.
Esta voz, somada à uma série de acontecimentos, ganhou poder e dominou muita gente.
As pessoas estavam alimentando um vazio. E sequer conheciam seus próprios vazios...
O estrago foi feito. Muita gente piorou a qualidade alimentar, muitos entraram num ciclo de compulsão, muitos ganharam peso, muitos perderam a saúde e, tudo energética e fisiologicamente explicados, como verão na sequência.
À parte dos danos da doença em si, a ansiedade, sem dúvida, foi o maior acontecimento nocivo do isolamento social. Junto com ela vieram, tristeza, sedentarismo e excesso de peso.
Mas, porque quando ficamos nervosos e ansiosos dispara a compulsão, vontade de comer, diminui o raciocínio que nos impede de ceder aos impulsos? Porque parece que entramos num ciclo sem fim?
É importante que se ressalte que sou nutricionista bioquímica com especialização em comportamento alimentar, psicanálise e dietoterapia chinesa e não tenho pretensão de explicar todos os aspectos neuro-psicoemocionais em profundidade, mas de forma bastante resumida para abordagem do comportamento humano alimentar.
Ansiedade, preocupação, tristeza, medo, pânico, raiva, agressividade, alegria, prazer e outras, são emoções que sentimos diariamente, fazem parte dos equilíbrios dos nossos elementos e elas giram num ciclo interligado (nosso pentagrama). Todas estas emoções e sentimentos carregam uma energia em si e precisam de equilíbrio.
Os alimentos também carregam energia tanto na forma de matéria (energia bioquímica), tanto na forma energética agindo no eixo corpo-mente- emoções pelo que comemos.
A ansiedade é a emoção relacionada ao comportamento de avaliação de risco, ela é evocada em situações em que o perigo é incerto ou uma ameaça em potencial.
Para desencadear uma crise de ansiedade é necessário um impulso, algo que te faça pensar que o perigo é iminente, ameaçador e sem querer, você o traz para perto de si.
É um impulso que te faz ir de encontro a ameaça, gerando um conflito interno entre a aproximação e o afastamento.
Ao longo do dia, liberamos neurotransmissores e hormônios que comandam e são comandados pelas nossas atividades diárias, incluindo alimentação. O estresse muitas vezes provoca a oscilação destes mensageiros e geram respostas psicoemocionais que ditam nossas sensações, vontades, escolhas e desejos.
A ansiedade gera e é gerada por uma resposta normal de estresse. Quando acontece em níveis normais é muito bem controlada.
Todavia se torna problemática quando passa a ser constante. Quanto mais essa ansiedade e estresse afetá-lo, mais graves serão os efeitos na saúde.
O conceito de estresse é baseado na observação de que condições físicas ou psicológica ameaçam o equilíbrio do corpo e despertam um conjunto de alterações fisiológicas e emocionais.
Tudo isso provoca o desequilíbrio dos elementos e o estresse provoca liberação de neurotransmissores de ação no cérebro, portanto, com efeitos neurológicos, psicológicos, emocionais e cognitivos, bem como agem no corpo com efeitos físicos manifestados.
Além de neurotransmissores, o estresse desencadeia uma reação hormonal que atua no corpo inteiro, trazendo uma série de respostas fisiológicas e adaptativas.
O estresse em si é um estímulo benéfico e inerente à raça humana. Mas que passa a ser um problema quando seu estímulo é prolongado e constante e, portanto, crônico.
A resposta mais característica do estresse é a liberação de hormônios, como adrenalina e o famoso cortisol. E isso acontece como mecanismo de defesa do corpo para uma reação de "luta ou fuga".
Estes eventos são adaptativos e nos geram energia para uma resposta rápida frente à ameaça.
A resposta ao estresse psicológico acontece principalmente quando o perigo potencial é ou uma novidade (desconhecido) ou de resposta não esperada (frustração) gerando nestes casos a ansiedade antecipatória.
Portanto, ansiedade e estresse caminham juntos.
A ansiedade e estresse agudo ativam o eixo energético neurológico do cérebro para o corpo e, a partir do momento em que se prolongam, começamos a apresentar os danos.
O principal hormônio do estresse é o cortisol. Ele é essencial para a liberação de energia química para o corpo numa situação de perigo e que, provavelmente, você não vai querer parar para comer alguma coisa antes de correr e defender sua vida.
Em breve síntese: o cortisol age no corpo promovendo a quebra de proteínas musculares e sua conversão à glicose, aumenta a oxidação de gorduras para liberação de energia e aumenta o consumo dos estoques intracelulares de glicose.
Com tanta glicose na corrente sanguínea, você agora pode fugir ou lutar.
Ele estimula alguns outros hormônios para aumentar os níveis de glicemia, como a adrenalina para aumentar o efeito de lipólise do estoque de gordura. A ação do cortisol acontece em todos os órgãos, mantendo e perpetuando sua função fisiológica, contudo esta constância sem descanso (cronicidade) é o que geram as respostas nocivas.
No músculo o cortisol favorece a contração muscular e, lembrem que órgãos também são músculos. Precisamos acelerar frequência respiratória para oxigenação e a frequência cardíaca, aumentando a pressão para bombear sangue para podermos nos defender e, é também por isso que a ansiedade traz a angústia e dor no peito. Ela é emocional e muito física também.
Porém um músculo que não tem pausa, cansa.
E, então inicia-se a fadiga e falhas dos órgãos, lembre-se de quando está cansado e não consegue nem andar ou respirar direito, após uma atividade extenuante, é a mesma sensação.
No tecido conjuntivo e vascular o cortisol diminui a síntese de colágeno, deixando a parede dos vasos menos elásticas e mais enrijecidas, o que aumenta ainda mais a pressão e estreitamento dos vasos. Aumentando a pressão e os riscos circulatórios, daí também, dores como a de cabeça.
Os rins diminuem a diurese, já pensou ter que correr e parar para fazer xixi no meio do caminho!
O cortisol atua no sistema imunológico, deprimindo as células de defesa e controlando inflamação e, portanto, se este estado se perpetua as chances de infecção e danos internos são maiores.
Já o intestino diminui a peristalse, estancando a evacuação, o que leva a absorção de mais tóxicos e um desequilíbrio da microbiota, aumentado o risco de doenças patogênicas e menor síntese de serotonina, o neurotransmissor do bem-estar, portanto, você se torna, literalmente, enfezado e com mais irritação.
No cérebro o cortisol altera o padrão de sono, afinal você se impôs uma vigilância extrema e, também aguça os sentidos, tudo para você permanecer mais atento ao perigo.
Os danos dos hormônios do estresse no cérebro podem ainda ser físicos, como sua ação no hipocampo, afetando à área do cérebro que lida com a resiliência e memória, gerando assim, mecanismos de depreciação e depressão.
Pois é...A ansiedade leva ao estresse que aciona uma roda de devastação físico emocional, difícil de parar de girar.
Tão bem explicado o ciclo de geração energético se sobrepões ao fisiológico. O estado e preocupação desequilibrado desgasta o corpo a ponto de parar o funcionamento metabólico e isso nos traz dentre algumas consequências o ganho de peso. Além disso este consumo demasiado do elemento energético gera um estado de consumo do sistema imune, uma tristeza que caminha ao desgaste gerando ainda mais medo. Lembram-se das explicações fisiológicas da adrenalina?
Pois bem, este desequilíbrio todo aumenta a resposta de movimentação do corpo e dissipação da energia na forma de agitação e agressividade, o intestino disfuncional leva à raiva, dentre outros sintomas e esta agitação toda consome nossas energias de vida, aplacando o calor e alegria que deveríamos sentir.
Então é o fim?
Não, claro que não. Respirem um pouco que a natureza é linda e vamos dar um jeito de entender como lidar com este ciclo.
Para lidar com a ansiedade e estresse, uma das abordagens iniciais e mais importantes é o estado de consciência e certa desconexão. Aqui lançamos mão da psicoterapia. Precisamos acionar o estado de consciência, nosso hipocampo e apostar as fichas em ser resiliente, refletir e esquecer o evento ameaçador, para manejar os sintomas de uma possível ameaça que não se pode fugir ou evitar, o manejo do estresse é fundamental pois ele acaba abafando esta capacidade.
Mas porque o estresse e ansiedade crônicas geram fome, ganho de peso e mais e mais doenças?
Vamos recapitular!
Se expomos o corpo a um estímulo constante, sem tempo de parada e recuperação, cansamos. O mesmo acontece com os órgãos e suas funções.
Vamos lembrar que nosso corpo é todo interligado, somos uma rede muito bem conectada!
As doenças advindas do estado crônico de ansiedade e estresse tem a ver com respostas de consumo de energia e circulação, ou seja, a angústia, falta de ar, tremedeira, cansaço, dor, taquicardia e etc, está envolvida com o estímulo sem pausa de aumento de contração muscular, déficit da adequada troca gasosa (oxigênio e gas carbonico) e exaustão das energias (fisicoquimica).
Quando respiramos muito rápido, não fazemos decentemente a troca do gás carbônico que produzimos pelo oxigênio (O2) que inspiramos, ou seja, menos oxigênio fica disponível para as células e mais gás carbônico (CO2) fica circulando, gerando um estado de acidez.
Se o sangue está mais ácido, mais o pâncreas e pulmão têm que trabalhar mais para neutralizar e eles também cansam. Energeticamente entramos em desequilíbrio e, por isso, acontece a névoa mental, bloqueio da clareza, estamos esgotados e a tristeza nos acompanha.
O tecido vascular está com paredes mais rígidas e estreitas, o rim, também afetado, que não elimina tanta água, sódio e toxinas, aumenta o volume sanguíneo, a pressão aumenta e também acontece retenção de líquidos, consequentemente aumento de peso.
O coração tem que bater mais forte para dar conta e, aumento da frequência cardíaca associada à baixa oxigenação e acidez do sangue, temos um grave quadro de estresse cardíaco e aumento do risco cardiovascular; sensação de agitação e aperto somados aos eventos noticiados temos a sensação de angústia.
Lembrando que como tudo está interligado, a angústia gera uma sensação física que se comunica por neurônios no cérebro em sensações emocionais e psicológicas: agitação, ansiedade, medo, pânico e depressão.
Agora vamos lembrar que o estresse age no músculo e no tecido de gordura (adiposo) aumentando a liberação de glicose para corrente sanguínea. Quando isso se dá de forma constante, o corpo fica inundado de glicose (hiperglicemia) e com picos de insulina sendo liberados constantemente.
Com tanta glicose você fica "falsamente energizado" pois , na verdade, não a aproveitamos e, este excesso de energia física e química nos deixa ainda mais elétricos e prejudica nosso sono restaurador, nossa consciência perde morada e, ficamos cansados e ainda mais tristes... o ciclo só se agrava.
O quadro de hiperglicemia (excesso de glicose ou de energia) deixa as células insensíveis, criando resistência à insulina e intolerância à glicose. Este excesso de agitação desequilibra a energia metabólica. A resistência a insulina aciona um mecanismo inflamatório sistêmico, mas o sistema imunológico esta deprimido assim como você, emocionalmente, por conta do estresse, se lembram?
Como tem muita glicose e gordura circulando e você não está num quadro de gasto de energia, afinal está no sofá, deprimido, angustiado, agitado mais sem conseguir dissipar em exercícios, o corpo começa a acumular estes nutrientes e energia em outros órgãos e, glicose e gordura fora de lugar, aumentam inflamação desequilíbrio e lesão de células e elementos.
Se o corpo não consegue processar tanta energia, ela se acumula e a única forma de acúmulo no corpo é a gordura. Portanto, todo este quadro aumenta o ganho de peso.
Por isso você engorda!
Ah, e não podemos esquecer que o cortisol age no músculo para usar a proteína também, então sua composição corporal vira um desastre, perda de músculos aumenta cansaço, aumento de peso, com aumento de massa gorda e perda de massa magra, retenção de líquido, possível perda óssea e ainda por cima um metabolismo diminuído. O ciclo vicioso é intenso.
E a fome?
Lembre-se que o estresse também age no cérebro e para sua defesa ele diminui o ciclo do sono, afinal, quer manter a vigília e atenção ao perigo.
Não dormindo bem, perturbamos nossa alegria e vontade de mudar, não restauramos as lesões do corpo, aumentamos a intoxicação e prejudicamos as funções dos neurônios no hipocampo e hipotálamo.
No hipocampo prejudicamos nossa cognição, memória e raciocínio. No hipotálamo a sensação de fome, saciedade, bem-estar e prazer ficam debilitadas.
Para preservar a vida o corpo precisa estar desperto e para isso os sentidos se aguçam, então sensações táteis, auditivas, olfativas e o paladar ganham força. Já́ estão compreendendo o caminho?
Pois bem: se não raciocinamos direito e, estamos precisando de conforto (comida é um dos maiores confortos que temos) mas não estamos nos conectando muito bem com nossos sentidos emocionais e centro de fome/saciedade e de sede adicionando o fato de os sentidos da comida estão aflorados, formou-se um quadro perfeito para a busca de comida, quiçá́ uma compulsão.
A chamada fome emocional se aproxima.
Todavia após a busca de conforto na comida, juntando todos os acontecimentos externos, você̂ se culpa e entra no ciclo crítico do hipocampo, se frustrando e não conseguindo dar novo significado para aqueles sentimentos (resiliência), você̂ consome sua chama interna, quer se punir e pode entrar num quadro de estado deprimido ou tristeza consigo mesmo...tudo isso vira uma bola de neve.
O estado deprimido gera baixa autoestima, menos vontade de se movimentar (sedentarismo), mais culpa, menos raciocínio lógico para as escolhas, menos resiliência para encontrar caminhos alternativos, mais compulsão na tentativa de se sentir melhor pelo efeito químico dos alimentos, mais peso acumulado, mais ansiedade, mais estresse e o ciclo não para de rodar.
Para por favor!
Eu sei...também me assusto conforme vou escrevendo!
Esta é uma catastrófica, mas plausível, explicação do que tem acontecido com as pessoas na quarentena.
É claro que nem tudo acontece com todos, nem ao mesmo tempo, contudo se você se identificou com algum dos mecanismos já deve ficar atento e buscar ajuda.
Acalmar-se, respirar, meditar, se hidratar, dormir, se movimentar, comer comidas saudáveis, naturais e preparadas adequadamente equilibrando seus elementos de energia, não somente às opções rápidas e de entregas em casa, que não se sabe como foram preparadas, industrializados e fast food cheios de vícios palatáveis – aqui entram a estilo de vida, nutrição e dietoterapia chinesa.
Você precisa se perceber, parar, aceitar a situação e voltar para si em busca de compreensão e respeito – aqui entra a psicoterapia psicanalítica.
Só conseguimos sair deste redemoinho quando nos voltamos para nós mesmos e aceitamos o que estamos sentindo sem querer refutá-lo à qualquer custo, num embate frontal, dispendioso, sem produtividade.
Um exemplo bem infantilizado (para não dizer tosco), talvez ajude a entender o que devemos fazer: É como nadar contra correnteza você só vai gastar muita energia, até que se esgote.
Então o mais inteligente a fazer é dar conta de que você não vai vencer o rio (naquele momento) e aceitar a situação, passando a pensar em como se "associar" àquele momento para lidar com ele de forma mais assertiva.
Por exemplo...parar de nadar e boiar para descansar um pouco até que pense em nova estratégia de atingir terra firme.
Temos que aprender a lidar com estas emoções no momento oportuno que estamos vivendo, aprendendo a nos conectar e desligar delas, tomar o centro das nossas emoções e decisões.
Com profissionais adequados, ferramentas e estratégias são criadas com você, para que consiga dar os passos no caminho certo emocional, alimenta, de controle de peso e saúde!
Veja a série de posts práticos para lidar com a ansiedade, publicada lá no Instagram:
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Dra. Andrea Alterio é nutricionista – psicanalista e homeopata, especialista em nutrição clínica – funcional (e mais 7 especializações), com mestrado em nutrição humana e comportamental, psicanálise clínica e homeopata. Possui formações no Brasil e Itália em práticas integrativas em saúde.
Para contratar envie uma mensagem: contato
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